domingo, julho 06, 2008

Quem?


Entre 1982 e 1986, a rádio Fluminense FM era a melhor opção para qualquer adolescente carioca em busca de rock, reggae, punk, metal, new wave, jazz e MPB alternativa (da Lira Paulistana, por exemplo). Não havia nada parecido no dial naqueles tempos pré-internáuticos, em meio aos grunhidos finais do regime militar. O sr. Luiz Antonio Mello, programador e co-fundador da rádio, acabou tornando-se responsável pelo meu primeiro contato com a banda inglesa The Who. O audaz niteroiense costumava programar coisas com "Drowned" e "5:15" (de Quadrophenia), em versões piratas e ao vivo. Também aprendi a tocar "Substitute" e "I Can See for miles" no violão por conta do álbum Rough Boys, uma coletânea who maniac produzida por L.A. Mello para o selo da rádio (lançado em LP pela Polydor).

Nos anos 90, a banda voltou à moda, por conta da geração grunge e de seu revisonismo explícito. Por pouco fomos brindados, no ano passado, com um show da turnê do último álbum. É claro que sem a cozinha infernal de John Entwistle e Keith Moon (ambos falecidos) a coisa toda não decola como antes. Ruim é que não ficou: pra falar a verdade, o que se pode ver no Youtube é no mínimo impressionante - tanto pela energia da performance de Roger Daltrey, quanto pela atualidade das canções de Townshend.

Na história musical do século passado, não há nenhuma banda superior. Menos posers que o Led Zeppelin, menos descaralhados que os Stones e os Stooges, menos experimentais que os Kinks ou o Velvet Underground e mais loucos e esporrentos que todos juntos, os então rapazes do The Who lograram uma conjunção inédita de poesia dramática e rock pesado, captada em toda sua fúria pelo álbum Live at Leeds (ao vivo, 14/02/1970). Simplesmente inacreditável. Para mim e para muitos, Live at Leeds é o melhor registro ao vivo da história do rock, ponto final.

Um comentário:

Aurora disse...

O título do post poderia ser: "The... quem???" !
Pitacos infames à parte, Live at Leeds é um dos melhores discos da história. E tenho dito.