quinta-feira, maio 01, 2008

Sobre meu caráter duvidoso

Sendo sincero, na medida do possível, devo confessar que meu caráter não é nada exemplar (moralmente falando), embora caiba a mim, mais do que a ninguém, defendê-lo de julgamentos infundados. Por exemplo, ignoro o que signifique "respeito à intimidade alheia" - em especial quando se trata da privacidade de alguém próximo. Namoradas, amigos, professores, parentes - o desejo incontrolável de dissecar suas vidas supera o óbvio dever de não fazê-lo em circunstâncias duvidosas...
Foi ao atravessar o inferno da pré-adolescência que descobri o prazer de surpreender a hipocrisia dos entes queridos por meio de expedientes condenáveis.
Numa gaveta do armário de meu avô, encontrei uma pilha de material pornográfico tão imundo que quase me arrependi da descoberta. Na videoteca do pai de uma grande amiga, achei fitas recheadas de closes escabrosos de sexo anal (homo e hetero). Minha primeira mulher permitiu que eu descobrisse uma dolorosa seqüência de mails entre ela e um ex-namorado insistente (e muito bem correspondido em suas investidas). E nada supera o dia em que aproveitei uma saída rápida de minha analista para ler suas notas sobre um amigo meu, onde a descuidada terapeuta comentava a paixão mal-resolvida do citado pelo autor destas linhas...
Sim, confesso que tenho me excedido. Mas o que dizer das pessoas cujas vidas pude desmascarar secretamente? Nunca me utilizei de tais fatos para humilhar ou chantagear ninguém: em verdade, tudo o que eu lucrei com isso foi ter certeza de que não presto, como todos eles, e provavelmente todos vocês.

3 comentários:

Camilla Lopes disse...

Sexo anal, homo e hetero? É faz sentido você ter um caráter duvidoso.

beijos

Leonardo Martinelli disse...

Pois sim. Escandaloso. Como tantas coisas por aí...

Anônimo disse...

nem tudo que se esconde é passível - ou desejoso - de ser achado.